Quantas vezes nos perguntamos “porque fulano fez aquilo?” A resposta é
tão simples: Fulano fez aquilo porque era a melhor opção que ele tinha naquele
momento.
Cada um de nós tem sua
história, seus valores, sua interpretação de mundo, enfim, seu próprio mapa. É
o que chamamos de experiência de vida. E é a partir disso que tomamos nossas decisões,
fazemos nossas escolhas.
Podemos ter várias
opções, mas de acordo com nosso mapa, uma delas se mostra a melhor naquela
situação. Ninguém é bobo de escolher tomar uma má decisão conscientemente.
Somos sempre levados ao que parece ser o melhor para nós mesmos.
Algumas vezes, para
quem vê de fora, pode parecer que foi uma ação maldosa, sem sentido, mas na
verdade é apenas o melhor que a pessoa pôde fazer, de acordo com os objetivos
que ela persegue.
As pessoas sempre tomam
as melhores decisões naquele contexto específico e não há como exigir que
alguém pense com a nossa cabeça, sinta com a nossa medida, veja como nós vemos
as coisas e aja com os mesmos recursos que nós temos.
Quando alguém te deixa
falando sozinho, a intenção não foi essa “te deixar falando sozinho”,
normalmente a intenção é fugir por não saber o que dizer, não dar conta do
embate. Se alguém te agride verbalmente, a intenção não é te agredir e sim mostrar
a força dele, como se dissesse “não se mete comigo que eu sou mais forte”, ou
seja, autoproteção. Se alguém faz algo que te prejudicou, a intenção não era
essa de te prejudicar, mas sim alguma outra intenção que ele julgou ser
necessária para ele mesmo naquele momento.
O que quero dizer é que
muito conflito pode ser evitado se ao invés de crer que tudo nessa vida é
direcionado a te fazer mal, você perceber que se trata apenas de autoproteção,
de não saber agir diferente, não ter outro meio de contornar aquela situação.
Como falei, é o nosso
mapa que vai determinar o limite de opções que temos. Quando mais restrito o mapa,
ou seja, quando mais restritas as vivências, menos experiência, menos
opções para a tomada de decisões.
Isso é pra tudo na vida!
Quem lê apenas um tipo
de literatura, tem sua interpretação de texto bastante limitada. Quem só
convive com certos tipos de pessoa, pode julgar inadequadamente alguém que é
diferente. Quem só frequenta um tipo de ambiente, tem dificuldades de
solucionar questões em outros ambientes.
A diversidade é
a chave da inovação, da criatividade, do desembaraço. Quanto menos diverso o
universo da pessoa, mais limitada ela é. Quanto mais amplo for o nosso
horizonte, mais preparados para a vida estamos.
Mas temos essa
tendência de viver em bolhas, com a doce ilusão de estarmos protegidos. Quanto
mais protegidos, menos experiências, mais preconceito, mais temor, menos
empatia, maiores os riscos de errar, de acreditar e de compartilhar fakes news,
por exemplo. Alguém com leitura limitada, acredita em tudo que lê como se
verdade fosse e passa adiante informações equivocadas.
É claro que em alguns
casos essa bolha nos permite o aprimoramento, o aprofundamento e,
consequentemente, a excelência. Mas precisamos abandona-la algumas vezes,
respirar outros ares, aprender outras coisas, sair de nossa zona de conforto,
deixar o comodismo de lado.
A bolha pode nos
iludir, distorcer a realidade e impedir nosso crescimento. O útero, o casulo
são bolhas protetoras, mas uma hora é preciso nos livrar deles. Nascer ou, no
caso da borboleta, bater asas é aprender o quanto é grande o mundo, o quanto é
necessário fazermos experimentações até nos encaixarmos e continuar essas
experimentações para irmos além.
Alguns autores dizem
que a história da experiência humana é na verdade a transição de uma
bolha para outra, passando pela ruptura, pelo sentimento de liberdade,
acomodação, aprisionamento e nova ruptura. E cada novo rompimento é um
aprendizado, uma nova forma de ver o mundo, novas descobertas, novas sensações,
novos caminhos.
Essas sucessivas
experimentações é que nos ensinam o que é bom, o que é ruim, o que é certo, o
que é errado, o que nos faz bem, o que não nos agrada. Nos ensina quantas cores
há entre o preto e o branco; e quais delas mais nos encantam. Quais sons nos
acalentam, nos movimentam ou nos incomodam. Essa diversidade também nos mostra
tudo isso em relação ao outro, como ele reage, como reagimos a ele. E é assim
que nosso mapa vai se ampliando, se modelando, se enriquecendo.
Quanto mais ampliado
nosso mapa, quanto mais experiência, quanto mais vivência, mais escolhas, maior
o leque de opções, maiores as chances de acerto.
Por tudo isso, esse
pressuposto de que as pessoas sempre fazem a melhor escolha disponível no
momento tem dois aspectos a serem considerados: 1) a necessidade de
compreendermos e respeitarmos a decisão do outro e 2) a necessidade ampliar
nosso mapa, sair da bolha, para nossa decisão seja o mais adequada possível.
Não questione, não
desmereça a decisão do outro, acate, respeite e ajude-o a ampliar seu mapa.
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Adriana
Fernandes é autora do texto e apresentadora do Programa NOTICIANDO, que vai ao
ar toda sexta-feira, com notícias comentadas, sem reservas, e dicas de
Programação Neurolinguística.